domingo, 19 de dezembro de 2010

Sonhos de Menino...

Sonhe, menino que já ficou grande,

Ouvindo esta cantiga de ninar.

Pegue sua pipa colorida,

Volte na vida,

Por que é bom sonhar.

Porque na vida a gente empina muita pipa,

Alto, tão alto, que se perde na amplidão.

E o destino mau, menino, corta a linha,

E a pipa do sonho da gente cai no chão.

Por isso, meu menino, se o destino,

Cortou a linha da pipa que você quis soltar .

Mostre que você saiu vencendo,

E que mesmo sofrendo,

Ainda quer sonhar.

(Autor desconhecido)


Este poema é, sem dúvida, o poema mais importante da minha vida. Tão importante, e diz tanto de mim, que eu custo acreditar que não fui eu mesma quem o escreveu. Talvez eu tenha escrito, e esquecido disso ao passar pelas curvas do tempo. Talvez... Quem sabe...

Quando tinha cerca de 8 anos, eu o ganhei de presente de uma amiga quase irmã, ou uma irmã quase amiga, mas que, infelizmente, pelas areias que percorrem nossas ruas, no momento, não é mais tão próxima assim.

Por ela ter então, também 8 anos, ela não se importou de anotar o nome de quem o escreveu. Então, talvez eu nunca saiba. Talvez seja sempre um autor desconhecido, mas ainda assim agradeço suas palavras, simples e sublimes.

Pouco depois de receber o texto, eu o decorei, motivada pelo tocar de seus significados em mim.

Tendo o decorado, já recitei a tantas pessoas, quando de suas tristezas e dificuldades, que não saberia dizer a quantidade, nem mesmo seus diversos nomes.

Mas, devo confessar, que dentre tantas pessoas, grande parte delas, fora as diversas versões de mim. Sim, confesso já tê-lo recitado a mim mesma, tantas vezes quanto necessário. E assim, toquei intensamente a todos os Eus que já pude ser e fui.

Sempre que pensei em desistir, e todas as vezes que chorei; Sempre que sofri, e todas as vezes que desabei; Sempre que não compreendi, e todas as vezes que me magoei; Sempre que me perdi; e todas as vezes que me encontrei; Sempre que não consegui; e todas as vezes que eu lutei; Sempre que me feri; e todas as vezes que eu me curei; Sempre que me despi, e todas as vezes que me mascarei; Sempre que menti, e todas as vezes que me perdoei; Sempre que não me ouvi, e todas as vezes que não me entreguei; Sempre que deixei de sorrir, e todas as vezes que desanimei...

Essas palavras estiveram comigo, em tantos momentos importantes, que sempre busquei dividí-las.

E sendo este um momento de fechamento de ciclo e começo de um novo ano, o clima de retrospectiva, planejamentos e sonhos se instala e muitos sentimentos reverberam.

Sei que muitos vão se perceber alegres, diante de vitórias obtidas. Sei que muitos se verão cansados, diante das lutas combatidas. Sei também, que muitos serão tomados por um sentimento de melancolia. Haverá saudades do que passou. Medo do que está por vir. Tristezas pelo que se perdeu e o que o fez não mais sorrir.

Principalmente a estes, divido esse texto... Esse pedacinho de mim... Esse pedacinho de alguém...

Sei também que muitos vão ler esse post e vão se lembrar de já terem recebido tal poema de mim. Espero que estas pessoas saibam que se receberam este poema de mim, quer dizer que estarei sempre junto para ajudá-las a botar a pipa no ar.

Para os outros, espero que tais palavras sirvam de algum modo, como a mim tem servido.

Então, sugiro que peguem suas pipas coloridas e empinem alto, deixando-as se perder na amplidão. Lembrem-se que é bom sonhar...Sempre...

Um grande beijo a todos...

Daiane.

(Ps.: Feliz por estar de FÉRIAS - Por enquanto, rs.)

2 comentários:

  1. Ahhh, esse texto me lembrou o livro "o caçador de pipas"... se não leu ou assistiu o filme, faça ambos =D

    E, como é recorrente, rsrs... lembrei de Cecília...[essa mulher nos persegue... ótimo!] no poema "Canção".
    Ele começa assim:

    "Pus o meu sonho num navio
    e o navio em cima do mar;
    - depois, abri o mar com as mãos,
    para o meu sonho naufragar (...)"

    Em clima de Titanic, sorry, heheh

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  2. Muito bonito MESMO! Adorei! Belas palavras.... para todos os momentos.

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