segunda-feira, 15 de novembro de 2010

É um tal de não querer-saber...


Às vezes pareço sabotar o conhecimento,
Quase que propositalmente...
Talvez queira sempre olhar a vida como se fosse a primeira vez.
Quem sabe desejando uma ignorância despretensiosa, inocente, espontânea?
Parece que temo saber algo de alguma coisa.
Temo achar que sei algo, quando na verdade ninguém sabe de nada.
Quando na verdade não há como saber.
Posso ler, estudar, conhecer...
Mas não quero a ilusória sensação de quem sabe.
Não quero uma postura de quem acha que entende.
Não quero olhar o mundo como se dele algo soubesse.
Como se já não precisasse desvendá-lo todos os dias.
Quero acordar e olhar tudo pela primeira vez.
E denovo...
E denovo...
Em cada amanhecer quero nascer denovo.
Prefiro uma ignorância humilde.
Aquela que me faça olhar as coisas e vê-las de verdade.
Não quero nenhum conceito ou premissa que me mova.
Gostaria de poder olhar o mundo sem nada que interfira.
Mas a verdade é que só o fato de saber que não sei de nada já é uma variável marcante.
Só o fato de não querer entender nada já interfere o suficiente.
Então eu sigo a vida fingindo que posso olhar as coisas pela primeira vez.
Quando não posso...
Então eu sigo fingindo que posso ser tão ignorante quanto gostaria de ser.
Quando não sou...
E assim, eu posso buscar desvendar o mundo inocentemente.
E fingir que sou uma criança tola buscando por aquilo que não sei.
E fingindo que sou apenas um ser que pode sonhar em realmente nada saber...

Daiane de Souza Mello

Um comentário:

  1. "Quando eu penso, estrago tudo. É por isso que evito pensar: só vou mesmo é indo. E sem perguntas por que e para quê. Se eu penso, uma coisa não se faz, não aconteço. Uma coisa que na certa é livre de ir enquanto não aprisionada pelo pensamento". Clarice Lispector in "Um Sopro de Vida"

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